O conceito da Transformação Digital pode até parecer muito recente, mas existe toda uma evolução de estudo e entendimento sobre esse fenômeno. Em 1703, Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716), um renomado estudioso alemão, ideou o conceito binário que daria base para o desenvolvimento dos primeiros computadores ainda em 1939 por John Atanasoff, essa base tecnológica que criou o conceito de “digitalização” e deu origem para todo o boom de tecnologia que vimos a partir dos anos 2000 com a internet.
De forma teórica, o pesquisador norte-americano David L. Rogers, em 2017, escreveu o livro “Transformação Digital: repensando o seu negócio para a era digital” no qual o autor juntou anos de pesquisa nas maiores empresas do mundo para definir quais eram os pilares de uma Transformação Digital fazendo uma espécie de guia para quem deseja iniciar o processo de forma estruturada e com método. Os cinco pilares definidos foram:
Pilar 1: clientes - explore a rede de clientes
No primeiro pilar, a coisa mais essencial que você deve pensar é “o que os clientes desejam?”. Estudar o perfil da persona que você está vendendo é um dos passos mais essenciais desta nova forma de fazer negócios. Isso acontece porque hoje é muito mais difícil vender algo novo sem ter uma validação ou uma análise de mercado posterior à venda. Isso pode parecer coisa simples, mas na prática é bem mais complicado entender a realidade do perfil do seu cliente.
Existem uma série de ferramentas que você pode utilizar para fazer esse tipo de análise e percepção inicial, como o Mapa da Empatia, a Jornada do Cliente, questionários de mapeamento de percepções e várias outras ferramentas. Até mesmo uma caixa de perguntas do Instagram pode ser uma aliada neste momento da Transformação Digital.
Começar pelo cliente é um passo fundamental porque é ele quem irá te ajudar a entender quais serão os passos a seguir na Transformação Digital. Lembre-se que a TD é sobre pessoas e são elas que vão ditar o ritmo e o rumo das mudanças. Isso acontece porque o novo perfil de cliente quer consumir o que é sob demanda, customizado, conectado e compartilhado.
O grande X da questão aqui é: como agir neste novo ambiente? Segundo David L. Rogers, existem alguns pontos que devem ser seguidos para suprir as necessidades do novo perfil de consumo, como: estar em todos os canais, ser fonte de conteúdo, fazer uma oferta adaptável, co-criar com clientes e fazer parte da conversa. Um grande desafio, mas, também, uma grande oportunidade.
Pilar 2: competição - construa plataformas, não apenas produtos
Já sentiu que a forma de competir está diferente? Estamos enfrentando uma nova forma de competir no mercado, o jogo não é mais de soma zero. Para além de teorias econômicas, o básico é entender que hoje a competição é assimétrica e isso faz com que seus parceiros, fornecedores competem com você no mercado no mesmo nível que competidores diretos de nicho.
O seu serviço compete diretamente com pagar a conta de luz, ir ao barbeiro e tirar férias na Disney. Essa concorrência torna o mercado muito mais complexo e interligado, fazendo com que não exista mais uma forma de trabalhar sem ter uma rede ampla de parceiros e conexões. Você pode fazer o Business Model Canvas para entender melhor como essa relação de parceiro/competição está atrelada no seu negócio.
Além disso, é importante mencionar o conceito de David em que ele fala sobre construir plataformas para além de apenas vender: criar comunidades, redes e conexões que geram mais valor do que apenas a venda em si. Esse aspecto da plataforma, segundo o autor é sobre a desintermediação (quando se tira uma plataforma ou um intermediário na relação, como é o caso de Marketplace venda direta entre comprador e vendedor) e a intermediação (quando se cria uma plataforma, como o IFood que conecta restaurante com você através de todo um processo de vendas).
Aqui, novamente, pense em pessoas. A competição está mais complexa, mas também há mais espaço para inovar.
Pilar 3: inovação - inove por experimentação
Se você já teve contato com uma startup, este modelo de negócio inovador que tem como foco a tecnologia, vai entender melhor todos os passos adicionados por David neste segmento. A inovação só acontece através de um processo interativo para aprendizado, ou seja, ciclos de experimentação, teste, validação e aprendizado. Uma referência neste sistema de inovar é Eric Ries com a criação do modelo da Startup Enxuta, uma revolução em como se pensa negócios e inovação.
O ponto central aqui é desamarrar dos antigos paradigmas de trabalho, ou seja: é preciso aprender cedo e errar o quanto antes (sim, em inovação tem erro), é essencial se apaixonar pelo problema, não pela solução, receber feedbacks confiáveis e constantes, medir o que importa agora através de dados, testar pressupostos através de ciclos de protótipos, fracassar com inteligência e ser rápido e iterativo.
A melhor forma de entender esse processo é analisar um modelo de negócio com base nestes conceitos, como o modelo da Netflix. Neste texto de blog que publicamos por aqui, você pode aprender um pouco mais sobre como a Netflix evoluiu de um modelo de negócio tradicional de envio de filmes via correio para ser a potência de streaming que é hoje.
Pilar 4: dados - converta dados em ativos
Existem apenas 2 certezas no digital: primeiro, que os dados são o novo petróleo e, segundo, que você coleta dados. Isso mesmo, informações como nome, telefone, e-mail, padrão de consumo são dados relevantes demais para os novos modelos de negócio. O que você acha que é o principal ativo de plataformas como Facebook, Instagram e o Google, por exemplo? Espaço de anunciantes? Pense novamente, olhe no seu histórico de informações de conta e veja o quanto essas empresas sabe sobre você. O digital não é brincadeira.
Outro importante ponto é observar o que os clientes fazem, não o que dizem, pois o padrão de comportamento é sempre mais fiel do que o dito em pesquisas, por isso esteja em constante incremento das formas de colher feedback. Já em termos de informação, esteja ciente que os dados são muito valiosos para entender o seu cliente, agora, o essencial é passar pelas 4 fases de um dado: insight (entenda o dado), segmentação (estruture a informação), personalização (faça sob medida) re contexto (forneça o referencial).
Um parênteses que vale a menção é sobre a LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados, já em vigor no Brasil, a lei que se inspirou na GDPR, a lei de proteção de dados europeia e traduziu vários pontos de cuidado na hora de coletar, tratar e descartar os dados de clientes, inclusive sobre a portabilidade.
Pilar 5: valor - adapte a sua proposta de valor
Por fim, mas não menos importante do que os pontos anteriores, é essencial pensar em como gerar novo valor para os clientes. Afinal, existem algumas vantagens competitivas que geram valor, como: produto (quando se pensa novos produtos), cliente (atingir um novo segmento de clientes), caso de uso (repensar usabilidade do produto já comercializado), trabalho a ser feito (opções de expansão do atual modelo de negócio) e proposta de valor (repensar a atual proposta de valor e criar uma nova).
O ponto essencial aqui é desenvolver novas formas de gerar valor e entender que todos as empresas são prestadoras de serviço, mesmo aquelas que não comercializam na área diretamente. Agregar serviços e novo valor para os clientes é uma forma essencial e necessária para manter importância de mercado.
Foque no essencial
Não tente começar a Transformação Digital agregando um projeto com todos esses pontos de uma vez, isso não funciona na prática. A sobrecarga da gestão de um projeto deste tamanho logo de cara pode matar a inovação dentro do seu negócio, por isso, comece com coisas pequenas e divida para conquistar. Faça análise da maturidade digital do seu negócio e comece pelos clientes, entenda quem são e o que precisam, gere novo valor e tenha um resultado mais rápido para então começar a integrar as áreas de Transformação Digital. Na aba de materiais gratuitos você encontra vários documentos para baixar e utilizar neste momento.
